Não foi só um jogo. Copa do Mundo, 2014, Brasil, dia da final.

13/07/2014 09:48


Não foi só um jogo, nem, agora, dois. Meu coração fica partido sim, porque é impossível ficar alegre por algo que, oposto, não me faça triste. A mídia quer conduzir a apatia para que tudo fique morno. Mas tem que ser o contrário ao indicado pelo Felipão, fingir que a vida simplesmente continua: a gente tem que sentir a dor para ver se melhora essa doença da apatia.

O esporte é um de nossos símbolos. Não é à toa que durante a guerra fria URSS e EUA tivessem os grandes atletas das Olimpíadas, não é à toa que China esteja investindo ainda mais na sua imagem através de seus atletas, nem é à toa que o público americano tenha apoiado uma seleção que, com toda certeza, investiu mais em seu futebol para poder chegar como chegou na Copa. Falar de Costa Rica? Nem precisa. E não é à toa que Alemanha tenha tantos prêmios Nobel: mostrou que planeja e constrói.

Alguém ousa dizer que foi só um jogo? Infelizmente as crianças que foram aos estádios e que choraram foram lá para sorrir, e quando saíram muitas aprenderam a se anestesiar para não sofrer, como parece ter feito o Felipão. Afinal " a vida segue" é muito superficial.

Não segue bem. Romário há tempos disse "fora de campo, já perdemos a Copa de goleada! Estou há quatro anos pregando no deserto sobre os problemas da Confederação Brasileira de Futebol, uma instituição corrupta gerindo um patrimônio de altíssimo valor de mercado, usando nosso hino, nossa bandeira, nossas cores e, o mais importante, nosso material humano, nossos jogadores. Porque não se iludam, futebol é negócio, business, entretenimento e move rios de dinheiro. Nunca tive o apoio da presidenta do País ou do ministro do Esporte . Que todos saibam: já pedi várias vezes uma intervenção política do Governo Federal no nosso futebol".

Hoje estou pensando em amigos que vivem no mundo do futebol, como o Teixeira Heizer . Este homem que num Globo Esporte chamou o gramado de “campo de girassóis”. Agora temos alguns poucos estádios com investimento de 8 bilhões e manutenção, o mais longínquo e barato deles, de 2 milhões por mês, administração que ninguém quer realizar.

Como disse o Gilberto Gil: "para fazer um gol nessa partida não é fácil meu irmão".

Zagalo, o grande João Saldanha se revirando, Pelé, Cafú, expulso do vestiário, Zico, Romário, Didi, Garrincha, Neymar, milhões de brasileiros...eu e você. Agora, como ficamos?